quarta-feira, 14 de outubro de 2009

I am a cat


Sabemos todos o quão batidos estão os livros recheados de ironia que criticam os hábitos humanos, criados para combater o tédio e esconder sua natureza. Acontece que nós (eu, pelo menos) nunca paramos para pensar se eram batidos por serem narrados por nada mais do que os próprios seres humanos.

Uma mente inovadora, no entanto, pensou o seguinte: "E se fosse um gato, guloso e preguiçoso, a observar e narrar tudo?"- não seria grande coisa se fosse feito hoje...Mas estamos falando de uma obra da era Meiji japonesa -I AM A CAT, de Natsume Soseki, nos leva para dentro da casa de um professor preguiçoso e com um ego enorme. Toda a narrativa é guiada pelas patinhas do Gato - sem nome - que, convivendo com os humanos começa a se sentir afetado pelos costumes e pensamentos deles.

É divertido ver como o felino passa a ser conhecedor de assuntos como literatura inglesa e pensadores gregos, sem abrir mão de sua almofada ou dos assaltos à cozinha.

Tudo parece ficar mais óbvio quando visto pelo gatinho, dono de uma ironia invejável e uma fofura indiscutível. Juntamente com suas crises de identidade e suas afirmações de ser uma criatura divina, o gato que nunca pegou um rato faz observações filosóficas, sob a mão de Soseki, que as torna sutis e absurdamente pertinentes.

Leitura altamente recomendada. Vocês podem ter dificuldades em encontrá-lo (sugestões: encomendar na Livraria Cultura, via internet...O meu chegou em cerca de 3 semanas;
Pedir a versão em inglês - a tradução apra o português retira muito da sutileza e da poesia da língua japonesa.)